Pior desastre natural de SC deixa mais de 100 mortos

Considerada pelo governo como a pior tragédia natural já enfrentada em Santa Catarina, a enchente que assolou mais de 40 cidades deixou marcas profundas não só na bela geografia do Estado, mas na vida do 1 milhão e 500 mil atingidos pelas águas. A Defesa Civil de Santa Catarina contabilizou mais de 100 mortos devido à chuva e mais de 70 mil desalojados e desabrigados.

As regiões mais atingidas foram o vale do Itajaí, litoral norte e Grande Florianópolis. Ilhota, Blumenau, Gaspar e Jaraguá do Sul registraram o maior número de mortos. Na região do complexo do Morro do Baú, que abrange as cidades de Ilhota, Gaspar e Luiz Alves, ocorreram mais de 4 mil deslizamentos, que deixaram mais de 50 mortos.

Também houve vítimas fatais nas cidades de Rodeio, Rancho Queimados, Benedito Novo, Itajaí, Brusque, Pomerode, Bom Jardim da Serra, São Pedro de Alcântara e Florianópolis. Em Itajaí e Blumenau, mais de 60 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas devido aos alagamentos. O porto de Itajaí registrou prejuízos diários de US$ 35 milhões devido à paralisação das atividades.

As enxurradas e deslizamentos danificaram ainda grande parte das rodovias da região. Na BR-101, na altura do km 235, próximo ao município de Morro dos Cavalos, a pista foi danificada e teve de ser reconstruída. No km 41 da BR-470, em Gaspar, o prejuízo também foi grande: a pista cedeu e impediu o acesso de veículos à cidade. A BR-282 teve pelo menos três trechos danificados na altura de Águas Mornas, Vargem Grande e Rancho Queimado. Entre as rodovias estaduais interditadas, os piores pontos foram nas SC-401, 408, 411, 413, 416, 431, 438, 466, 474 e 477, a maioria na região do Vale do Itajaí.

Em meio à tragédia e o desespero, algumas pessoas se aproveitaram da situação de emergência nas cidades para saquear estabelecimentos. Muitos locais estavam vulneráveis devido aos alagamentos e à falta de luz nas cidades. Somente em Itajaí foram registrados ao menos quatro saques a supermercados: três em pequenos estabelecimentos e outro em um supermercado de grande porte. O policiamento foi reforçado a Polícia Militar passou a restringir a circulação de pessoas em todas as regiões afetadas pela chuva à noite.

Após os saques e com muitos supermercados ainda fechados, era possível verificar mercadorias sendo vendidas nas ruas, a preços abaixo do normal. Fardos de cerveja, por exemplo, custavam R$ 5; TVs de Plasma saíam por R$ 300. Alguns produtos, no entanto, tiveram os preços superfaturados, como o pão francês, que estaria sendo vendido a R$ 8 o quilo por alguns comerciantes.

As conseqüências das chuvas em Santa Catarina se estenderam também para outros Estados, como é o caso do Rio Grande do Sul, que teve o fornecimento de gás natural (GNV) interrompido, devido a um acidente na localidade de Belchior, na região de Gaspar. Houve vazamento e fogo, que foram controlados após o fechamento das válvulas de segurança do gasoduto próximas ao local.

Os postos de combustíveis e as indústrias tiveram o fornecimento de GNV cortado totalmente. Já em residências, hospitais e estabelecimentos comerciais, os serviços não foram afetados. O abastecimento também foi reduzido em 72% em Santa Catarina. A falta de gás atingiu principalmente a região da Grande Florianópolis. No Rio Grande do Sul.

A catástrofe que atingiu Santa Catarina mobilizou grande parte do País, que encaminhou doações em dinheiro, alimentos e bens materiais para que a força-tarefa criada no Estado distribuísse entre as vítimas. Helicópteros e equipes de resgate de outros Estados também foram mobilizados para o trabalho de localização das vítimas e distribuição de donativos às áreas afetadas. No período de aproximadamente uma semana, o Fundo Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina recebeu R$ 3,5 milhões em doações.

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